segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Agricultores de Miyagi enfrentam desafios para cultivar em solo arrasado e exposto ao medo nuclear

Agricultores japoneses avançam após o desastre de 11 de março
Combater a salinidade do solo, a falta de infraestrutura e o medo da contaminação radioativa são os principais desafios dos agricultores da província japonesa de Miyagi, devastada pelo tsunami de março.

No nordeste do Japão, os agricultores e pescadores são os profissionais mais afetados pelo desastre que atingiu a área em 2011. No caso de Mitsuo Sugawara, as ondas enormes que vieram depois do sismo acabaram com suas plantações de tomates e deixarão sua família sem sustento. Ainda assim, ele e sua esposa consideram que tiveram sorte por terem sobrevivido. No bairro onde vivem na cidade de Higashi Matsushima faleceram 90 pessoas incluindo sua vizinha, uma mulher surda que não podia ouvir a chegada da água.

“Sobrevivemos porque estávamos no andar de cima”, conta enquanto mostra a marca do nível alcançado pela água que atingiu a parte baixa de sua casa. A enorme quantidade de sal que impregnou o solo corrompe grande parte dos cultivos como a plantação de cebola que havia feito antes do tsunami. A principal cooperativa agrícola do Japão ofereceu apoio para plantar ‘hakusai’, um tipo de couve chinesa muito popular na região no passado, mas que deixou de ser cultivada depois da II Guerra Mundial porque estragava durante o transporte.

A cooperativa quer fazer do ‘hakusai’, resistente ao sal do solo, um símbolo da recuperação agrícola. Deste modo, Sugawara, assim como os demais agricultores, plantou a couve em agosto e prepara sua colheita.

Outro que luta para superar o desastre é Mitsuhiro Yahagi que chegou à Miyagi vindo da província vizinha de Fukushima, onde mantém sua fazenda. Ele veio como voluntário para ajudar os agricultores de Sendai. Lá, conheceu um agricultor local, Mamoru Kikuchi, e juntos firmaram acordo com a rede de restaurantes Saizeriya, uma cadeia que possui mais de mil unidades no Japão, para fornecer tomates hipotônicos.

Yahagi, Kikuchi e uma empresa de restauração investiram 100 milhões de ienes para construir 12.000 metros quadrados de estufas com um sistema que, com tecnologia japonesa, sul-coreana e chinesa, permite reciclar toda a água utilizada. Este sistema é “único no mundo” assegura Yahagi que cultiva arroz e alface em sua fazenda em Shirakawa (Fukushima), a 40 km da acidentada usina nuclear de Fuksuhima. Lá, realiza testes regulares de radiação sobre seus cultivos. Os mesmos feitos por Sugarawa com seus ‘hakusai’, mesmo com a cidade localizada a mais de 100 km ao norte da usina.
Fonte: IPC Digital com Efe

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Japão inaugura 1º centro de descontaminação radioativa em Fukushima

O Governo japonês inaugurou nesta quarta-feira (04) o primeiro centro destinado à descontaminação das zonas afetadas pela alta radiação na cidade de Fukushima, a central que abriu a crise nuclear no Japão em 11 de março.

O Ministério do Meio Ambiente japonês confirmou que o escritório terá em um primeiro momento 70 funcionários e servirá para coordenar o Governo com as administrações locais envolvidas na limpeza das áreas com alta radioatividade nuclear, informou a agência local 'Kyodo'.

A descontaminação das áreas afetadas, incluída a zona de exclusão com raio de 20 quilômetros em torno da usina nuclear de Fukushima Daiichi, começará no fim de janeiro embora até o fim de março não será feita limpeza de grande escala.

O trabalho deverá começar pela limpeza de estradas e sistemas de abastecimento de água e eletricidade e em março a descontaminação de casas e terrenos agrícolas.

Em meados de dezembro, o Governo detalhou que os maiores obstáculos serão obter as permissões dos cerca de 80 mil deslocados pela crise nuclear para limpar suas casas e plantações, assim como a dificuldade de encontrar armazéns temporários para armazenar a terra radioativa.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente japonês, espera-se que o número de trabalhadores do escritório de Fukushima se amplie dos 70 iniciais para cerca de 210 em abril para enfrentar os meses de maior trabalho.

No início de dezembro entrou na zona de exclusão o primeiro contingente de militares para começar a limpeza dos escritórios municipais, com o objetivo de deixá-los prontos para servirem de bases para os trabalhos de descontaminação.

A usina nuclear de Fukushima foi gravemente danificada pelo tsunami de 11 de março, que paralisou os sistemas de refrigeração e abriu a pior crise nuclear dos últimos 25 anos.
Fonte: G1 com Efe